terça-feira, 7 de maio de 2013

Alunos recorrem à Justiça para continuarem estudos

Gilberto Abelha / Jornal de Londrina / Amanda com a mãe Jomara: ação na Justiça para garantir a conclusão da faculdade

Amanda com a mãe Jomara: ação na Justiça para garantir a conclusão da faculdade 

Com intérpretes fora das salas, estudantes com deficiência auditiva da Unifil não conseguem acompanhar as aulas; Situação deve ser regularizada em 20 dias
A Unifil tem 20 dias para disponibilizar tradutor/intérpretes de Libras (Linguagem Brasileira de Sinais) para alunos com deficiência auditiva em todas as aulas, sob pena de pagar multa diária de R$ 2 mil. A liminar foi concedida pelo juiz da 5ª Vara Cível, Aurênio José Arantes de Moura, a partir de ação civil pública ingressada pela promotora Solange Vicentin. Ela foi procurada por um grupo de pais de alunos da faculdade que enfrentam dificuldades em compreender o conteúdo das disciplinas devido à ausência desses profissionais em todas as aulas.
De acordo com a promotora, nove alunos precisavam de intérprete e a Unifil estava disponibilizando apenas quatro em uma sala de apoio. No entanto, sem os profissionais em sala de aula, eles não estariam conseguindo compreender as matérias. Tanto que dois deles já teriam se desligado da faculdade, segundo a promotora. “A Unifil argumentou que estaria cumprindo a legislação ao disponibilizar os quatro profissionais em uma sala de apoio. Mas a legislação determina que todas as necessidades dos estudantes sejam atendidas e eles precisam de acompanhamento em sala de aula”, explicou.
Amanda Jacinto, 20 anos, está no terceiro ano de Biomedicina e, segundo sua mãe, Jomara, ela quase perdeu a bolsa de estudo no ano passado por não conseguir acompanhar o conteúdo. “Desde o primeiro ano ela enfrentou problemas por falta de intérpretes. Eu dava o celular para ela gravar as aulas e depois eu fazia a transcrição”, conta. Indignada com a situação, Jomara reuniu os pais dos outros oito alunos e foi até ao Ministério Público.
Jomara afirma que hoje existe um discurso voltado para a inclusão das pessoas com deficiência, mas falta uma “compreensão da cultura dos surdos”. “Os surdos são estrangeiros em seu próprio País. É necessário entender que se precisa de informações para compreender e ações para aprender. Onde estão propostas essas ações? Surdos não são aquelas pessoas que não ouvem, mas aquelas que não sabem ouvir”, desabafa. Ela ressalta que a situação está abalando emocionalmente a filha. “A Amanda está com febre, com atestado médico. Só não entro com uma ação por danos morais porque tenho medo que ela perca a bolsa.”
A reportagem do JL procurou contato com a direção da faculdade, mas não obteve resposta.

 http://www.jornaldelondrina.com.br/cidades/conteudo.phtml?tl=1&id=1366808&tit=Alunos-recorrem-a-Justica-para-continuarem-estudos 


Nenhum comentário: